Origem: Brasil
Produtor: Aloysio de Oliveira
Formação Principal no Disco: Toquinho - Miúcha - Tom Jobim - Vinícius de Moraes
Estilo: MPB
Relacionados: Oscar Castro Neves/Edu Lobo/João Gilberto
Destaque: Saia do Caminho
Melhor Posição na Billboard: Não encontrado
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Destaque: Saia do Caminho
Melhor Posição na Billboard: Não encontrado
Fundado em 1967 por Mário Priolli, o Canecão se tornaria a maior casa de espetáculos da história no Brasil. Com o tempo, ela se notabilizaria por aprensentar pocket shows com atrações do naipe de Clara Nunes, Maysa, Roberto Carlos, Elis Regina, Chico Buarque e Maria Bethânia (cuja apresentação viraria disco) e muitos outros, com uma qualidade ímpar em matéria de cenografia e direção. Dez anos depois, o dono da casa de shows carioca teve a mais audaciosa de todas as idéias até então: inspirado no sucesso do elepê Miúcha & Antônio Carlos Jobim, no começo do ano e da dupla Vinícius e Toquinho, ele resolveu juntá-los no mesmo palco, no mesmo estilo das apresentações que eram cartaz nos anos 60, como o Vinícius e Caymmi no Zum Zum — o disco mais vendido na história do selo Elenco, fundado em 61 por Aloísio de Oliveira. A antológica e liliputiana Elenco, aliás, marcou época ao revolucionar a estética dos álbuns, no mesmo estilo das produções de selos de jazz, como a Blue Note, transpondo para o vinil pocket shows que se tornariam clássicos imortais em 33.1/3. Para Priolli não seria difícil convidar o poetinha e Toquinho. O desafio era trazêlo sob a luz dos holofotes do Canecão Tom Jobim, que partira no começo dos anos 60 para o mundo e que, recentemente, voltara ao Rio. E vale lembrar que a últiam apresentação de Jobim em terras brasileiras foi, justamente, o Encontro com os Cariocas, Vinícius e João Gilberto, no Ao Bon Gourmet, em 62 (show que foi gravado nunca saiu em disco). Mas a dificuldade, com efeito, era encasacar o nada prussiano Tom num esquema de fazer um show conmo manda o figurino; ele certamente queria fazer tudo como seu amigo Sinatra, da sua maneira. Mas não haveria nada como uma honesta garrafa de uísque na tradicional churascaria carioca Plataforma para aliciar o compositor de Meditação — e deu certo. A presença feminina e cereja do bolo seria a parceira de Tom no seu último trabalho, Miúcha. Ela intermediaria os números com as duas duplas, de forma perfeita. E já que a concepção musical era inspirada nos clássicos da Elenco, não haveria nada mais óbvio que convidar o próprio ex-Bando da Lua para segurar a batuta. Aloysio era parceiro de Antônio Carlos desde Dindi, e havia o produzido em The Composer Of Desafinado, debut de Tom, pela pópria Elenco. Logo, ele seria a pessoa indicada para ser o elemento conciliador no sentido de escolher o repertório ideal — num sem número de músicas que, juntos, aquela turma havia criado. E o repertório é uma antologia inefável: Depois da ouverture, Vinícius abria, com língua presa, sob a chancela de White Horse e Haig&Haig, com o Dia da Criação, o mesmo poema que ele citava com o Quarteto em Cy, com Caymmi, no Zum Zum, em 67. Miúcha se unia à ele e a Toquinho em Tarde em Itapoã, primeiro sucesso de dupla. Toquinho atacava com uma versão candente de Gente Humilde, de Garoto; Carta ao Tom (74), com o homenageado dividindo o placo com Toquinho e Vinícius; na letra, Jobim complementa: "Rua Nascimento Silva cento e sete/Eu saio correndo do pivete/Tentando alcancar o elevador", arrancando risos da platéia. Depois, debochando de Corcovado, ele termina: "Minha janela nao passa de um quadrado/A gente so ve Sergio Dourado/Onde ante se via o Redentor". No entanto, com seu próprio arranjo, o autor interpreta Corcovado ao vivo no Brasil, quinze anos depois. Jobim e Toquinho dividem Wave, com a orquesatra do maestro Edson Frederico; Tom introduz Miúcha e, juntos, cantam canções recentes da dupla — Pela Luz dos Olhos Teus. Ela emenda um clássico Custódio Mesquita-Evaldo Ruy (cantada originalmente pela Helena de Lima), Saia do Caminho; de tanque cheio (nem tanto), Vinícius reaparece com o pout-pourri Água de Beber-Garota de Ipanema e obscura (ops) Sei Lá; Miúcha recria com o poetinha outro número do Vinícius e Caymmi, Minha Namorada; Todos juntos encerram o espetáculo com Vou Levando, de Caetano e Chico, e dois temas Tom-Vinícius, Chega de Saudade e Se Todos Fossem Iguais a Você. O show, cuja idéia era mantê-lo pelo menos dois meses em cartaz, chegou a sete, contabilizando duzentas apresentações lotadas, com gente até no lustre e escorrendo pelas paredes — diria Nelson Rodrigues, em suas crônicas esportivas. A capa, por sua vez, é um pastiche (justamente!) do lay-out do próprio Aloysio de Oliveira nos tempos da Elenco, utilizando, em todos os seus lançamentos, um simples fundo branco com preto e detalhes em vermelho.
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