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sábado, 14 de abril de 2007

JARDS MACALÉ


Cantor, violonista, compositor, arranjador e ator, o carioca Jards Anet da Silva viveu desde cedo em meio à música, seja ouvindo, tocando ou estudando, chegando a trabalhar como copista do maestro Severino Araújo. No futebol, porém, era uma negação: ganhou dos amigos de pelada o apelido de Macalé em "homenagem" ao pior jogador do Botafogo da época. Amigo dos músicos baianos, em 1966 dirigiu um show de Maria Bethânia. Acompanhou de perto o Tropicalismo e, em 1969, entrou sob vaias no IV Festival Internacional da Canção, numa teatral apresentação do rock "Gotham City". Em 1970, Macalé foi a Londres em encontro dos baianos exilados. Com músicas gravadas por Gal Costa ("Hotel das Estrelas", "Vapor Barato"), Maria Bethânia ("Anjo Exterminado" e "Movimento dos Barcos") e Clara Nunes ("O Mais-Que-Perfeito"), resolveu fazer, na volta para o Brasil, seu primeiro LP solo, "Jards Macalé" (1972). No ano seguinte, gravou ao vivo, com vários artistas, o "Banquete dos Mendigos", disco duplo para comemorar o 25º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Censurado, o álbum só saiu anos mais tarde. Em 1974, Macalé lançou o LP "Aprender a Nadar", apresentando a linha de morbeza (morbidez + beleza) romântica do parceiro Waly Salomão. Num dos vários lances de irreverência de sua carreira, alugou uma das barcas da Cantareira para fazer o lançamento do disco e terminou o show jogando-se no mar.Biografia: Cliquemusic
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Jards Macalé (1972)
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capas

Phonogram 6349 045

01 Farinha do desprezo (Capinan - Jards Macalé)
02 Revendo amigos (Jards Macalé-Waly Salomão)
03 Mal secreto (Jards Macalé-Waly Salomão)
04 78 Rotações (Capinan-Jards Macalé)
05 Movimento dos barcos (Capinan-Jards Macalé)
06 Meu amor me agarra & geme & treme & chora & mata (Capinan-Jards Macalé)
07 Let's play that (Jards Macalé-Torquato Neto)
08 Farrapo humano (Luiz Melodia)
......A morte (Gilberto Gil)
09 Hotel das estrelas (Duda-Jards Macalé)

Jards Macalé - vocal, acoust guitar
Lanny Gordin - electric bass, guitar
Tuti Moreno - drums

arranged by Jards Macale, Lanny Gordin, Tuti Moreno





Jards Macalé - Aprender a Nadar (1974)
01. Jards Anet da Vida
02. Dois Corações / No Meio do Mato / O Faquir da Dor / Ruas Real Grandeza / Pam Pam Pam
03. Imagens
04. Anjo Exterminado
05. Dona de Castelo
06. Mambo da Cantareira
07. E Dai?
08. Orora Analfabeta
09. Senhor dos Sábados
10. Boneca Semiótica

Aprender a nadar, segundo disco de Jards, foi sua tentativa de arranhar as paradas de sucesso. Foi algo que ele até conseguiu e que lhe valeu alguma - boa - mídia, mas não o suficiente para livrá-lo da pecha de "maldito", de anti-comercial.
Apesar da pouca vendagem do primeiro disco, a Philips decidiu manter o contrato do cantor, que aproveitou para gravar um álbum bem menos "econômico", com arranjos mais elaborados - ao contrário do primeiro, no qual se restringia a um grupo básico. Em Aprender a nadar, aparecem músicos de estúdio como Wagner Tiso (arranjos, piano), Robertinho Silva (bateria), Rubão Sabino (baixo) e Ion Muniz (flauta), além de um regional que inclui os experientes Canhoto (cavaquinho) e Dino Sete Cordas (violão). Concebido ao lado de Waly Salomão (que usava a alcunha lisérgica de Wally Sailormoon) era um disco conceitual, com faixas que tratavam de uma certa "linha de morbeza romântica" - morbeza, um neologismo inventado por Waly, era uma mistura de morbidez e beleza, que ele definia como "uma idéia para identificar uma linha de ação, como uma estratégia da qual depois se larga e se busca outra". Tal idéia esteve por trás de pelo menos quatro faixas do disco, "O Faquir da Dor", "Rua Real Grandeza", "Anjo Exterminado" (gravada numa versão mais radiofônica por Maria Bethânia no disco Drama) e "Dona do Castelo", como uma retomada, sob um viés tropicalizado, da antiga dor-de-cotovelo. Músicas antigas do estilo - ou aproximadas a ele - eram revisitadas em algumas regravações, como "Imagens", de Orestes Barbosa (quase uma pré-psicodelia, em versos estranhos como "a lua é gema do ovo/no copo azul lá do céu.../o beijo é fósforo aceso/na palha seca do amor"). O maior sucesso do LP, no entanto, foi a regravação do clássico "Mambo da Cantareira", antigo sucesso de Gordurinha - que serviu de pretexto para Macalé alugar uma barca da travessia Rio-Niterói e pular na baía de Guanabara ao som da música, na festa de lançamento do álbum. "Orora analfabeta", outro grande sucesso de Gordurinha, cuja letra sacaneava a ignorância das elites, também estava no LP, e também fez sucesso (os versos iniciais são inesquecíveis: "Conheci uma dona boa lá em Cascadura...").O lado experimental do disco ficava por conta de estranhas vinhetas, como as cinematográficas "Jards Anet da Vida", "No meio do mato" e "O faquir da dor", além da interface música-artes plásticas-cinema, que encontrava seu desvelo na arte da capa e do encarte (com fotogramas de Kakodddevrydo, filme de Luís Carlos Lacerda) e na dedicatória a Lygia Clark e Hélio Oiticica.
Numa época em que o barato era freqüentar Ipanema, Jards homenageava um dos pedaços mais suburbanos da zona sul carioca ("Rua Real Grandeza", finalizada com uma engraçada vinheta baseada em "Pam-Pam-Pam", de Paulo da Portela, na qual Wally "tocava" chaves e porta). O disco ainda apresentava o poeta underground Ricardo Chacal, lendária figura da vida cultural carioca - até hoje, aliás - ao mundo da música, como letrista de "Boneca semiótica", composta com Macalé, Duda e o multi-homem baiano Rogério Duarte.

Texto de Ricardo Schott.

(1974) O Banquete dos Mendigos

(1977) Contrastes


2 comentários:

Frida disse...

Oi Sá, Boa Noite!
Em primeiro lugar quero parabenizar pelo EXCELENTE blog!!! Já virei frequentadora... mas não sou experiente, rsrsrs
Tentei baixar o disco do Macalé, "Só Morto (Burning Night) - 1970 - mas deu uma mensagem de erro (tipo o conteúdo foi retirado etc). Vc poderia postar novamente? Ou então me enviar diretamente o link para baixar?
Valeu!
crismiranda2@gmail.com
Abração!

Frida disse...

p.s. O banquete dos Mendigos tambéééééémmmmmm!
rsrsrs