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sábado, 14 de abril de 2007

TOM ZÉ


1. São São Paulo
2. Curso intensivo de boas maneiras
3. Glória
4. Namorinho de portão
5. Catecismo, creme dental e eu
6. Camelô
7. Não buzine que eu estou paquerando
8. Profissão de ladrão
9. Sem entrada e sem mais nada
10. Parque industrial
11. Quero sambar meu bem
12. Sabor de burrice

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Este disco é uma preciosidade. Seu relançamento deve ser festejado como a descoberta de um tesouro - senão perdido - esquecido, enterrado e abandonado. Injusta e injustificadamente abandonado. E no entanto, trata-se de uma obra-prima - e primeira - de um criador singular, esse mestre de invenções e intervenções artísticas chamado Tom Zé. Um disco digno de ser enfim reconhecido como representativo do tropicalismo, assim como os demais, conhecidos, do movimento: os individuais de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Os Mutantes, além do coletivo. Da companhia destes, "Tom Zé" havia sido alijado, ao sair de circulação.
Como eles, foi gravado, em 1968, sob o signo da revolução e da liberdade criativa. Suas composições expõem as marcas - tipicamente tropicalistas - da surpresa e do sincretismo. Compassos se alternam, dão-se mudanças às vezes radicais de andamento. Estruturas por colagem e/ou montagem, as canções, fracionadas, misturam ritmos (exemplo: iê-iê-iê e música sertaneja, em "Sabor de Burrice), instaurando inesperadas atmosferas em uma mesma faixa. Tudo ilustrado paralelamente pelos arranjos. Estes desempanham papel fundamental no encontro entre música popular e erudita contemporânea que o disco promove. Criados por Damiano Cozzela e Sandino Hohagen, maestros do grupo música nova, combinam elementos díspares - do folclore ao rock - num trabalho ao mesmo tempo antenado com a vanguarda e enraizado na tradição. As instumentações são inusuais. Um arsenal de ruídos - sinos, buzinas, despertadores - e sons variados - aleatórios, de fanfarras, etc - é convocado. Incorporam-se cacos, acasos, erros, além de narrações, conversas e discursos, sem contar vocais onomatopéicos. Resultado: cada faixa se torna um acontecimento sonoro-musical. Mais relevante ainda talvez seja a forma como os arranjos se relacionam com as letras, como replicam às suas instigações, criando os climas por elas requeridos. Examine-se um detalhe de "Sem Entrada e Sem Mais Nada", por exemplo. Num dado trecho, acordes deliberadamente cafonas são tocados para comentar a expressão "cinco letras que choram", verso que, na canção, está se referindo a "FIADO" e também parodiando (no nível melódico inclusive) um antigo sucesso homônimo de Francisco Alves, co-intituladao "Adeus". Importante, a propósito das citações, é que elas são sempre pertinentes, nunca gratuitas. E, mais do que serem várias, chama a atenção o leque de sua livre diversidade: do samba "Upa Neguinho" (em "Quero Sambar, Meu Bem") ao hino "Deus Salve a América" (na introdução de "Parque Industrial"), de "Cai, Cai, Balão" ao iê-iê-iê brega "Bom Rapaz" (em "Namorinho de Portão"). No centro de tudo, encontra-se naturalmente Tom Zé, singularizando-se já por suas qualidades de cantor - cujas interpretações assinalam, inteligentemente, o tom paródico e/ou irônico dos textos. De compositor - com uma formação sofisticada para um autor de canções à época, revelando conhecimentos hauridos no campo erudito. De músico - aberto a experimentações. De artista - com proposta e postura nova e ousada. De letrista - de versos provocativos, gozativos, satiricamente críticos. Mais intensamente do que os damais poetas do tropicalismo - Caetano, Gil , Capinan e Torquato Neto -, Tom Zé usa e abusa de uma linguagem carregada de mordacidade e de tipo coloquial-irônico. Nesse sentido, ele foi o Tristan Corbiére do movimento. Como resistir ao humor de versos como: "Entrei na liquidação/ Saí quase liquidado"? ou a estes, desconcertantes: "Pois um anjo do cinema/ já revelou que o futuro/ da família brasileira/ será o hálito puro,.../Ah"!? ou à força do refrão de "Glória"? E há aqueles ainda que fazem uma declaração de princípios poéticos, valendo por um lema estético a ser seguido: "Quero sambar meu bem/ (...)/ Não quero é vender flores nem saudade perfumada/ (...) / Mas eu não quero andar na fossa/ cultivando tradição embalsamada".
No disco, não há uma só música que não seja característicamente crítica. Nem "São São Paulo, Meu Amor" - ode? - escapa a isso. E a vei satírica de Tom Zé investe implacavelmente contra vários alvos. Eis alguns deles. O capitalismo, na imagem do homem de negócios (em "Não Buzine que Eu Estou Paquerando"). A burguesia, ridicularizada em sua moral, seus hábitos e aspirações, na figura do chefe de família ("Glória"). A sociedade de consumo e as imagens-símbolo, publicitárias, do consumo ("Catecismo, Creme Dental e Eu" e "Parque Industrial"). As convenções, sociais e comportamentais ("Curso Intensivo de Boas Maneiras"), bem como as linguísticas ("Sabor de Burrice"): nesse último caso, a própria letra assume um discurso retórico-acadêmico, num emprego consciente do mau gosto para efeito crítico. Em suma, o que Tom Zé não poupa é o limitado horizonte espiritual de sistemas e estilo de vida vazios e, com estes, seus praticantes. Tais fatores de fundo, aliado aos componentes formais do disco, colaboram para fazer dele uma obra audaciosa e desafiadora, de alguém que reúne senso crítico e estético; um homem sertanejo de origem e forte de caráter, que se tornou um artista urbano e moderno (e que assim, acabou fazendo a "ligação direta [...] entre o rural e o experimental" para lembrar as palavras de Caetano sobre ele em "Verdade Tropical").
Agora, o Brasil passa a dispor, finalmente em CD, de mais um trabalho seu a servir de informação cultural qualitativa para as novas gerações. E os norte-americanos, os jovens em especial, já poderão contar com a referência de mais uma "nova" obra de relevo da escola de vanguarda que. para alguns deles, o tropicalismo se tornou.

Texto de Carlos Rennó, encartado no relançamento em CD.

1970 Tom Zé

1. Lá vem a onda
2. Guindaste à rigor
3. Distância
4. Dulcinéia popular brasileira
5. Qualquer bobagem
6. O Riso e a faca
7. Jimi renda-se
8. Me dá me dê me diz
9. Passageiro
10. Escolinha de Robô
11. Jeitinho dela
12. A gravata

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1972 Se o Caso é Chorar

1. Happy end
2. Frevo
3. A babá
4. Menina, amanhã de manhã (O sonho voltou)
5. Dor e dor
6. Senhor cidadão
7. A briga do edifício Itália com o Hilton Hotel
8. O anfitrião
9. O abacaxi de Irará
10. O sândalo
11. Se o caso é chorar
12. Sonho colorido de um pintor

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1973 Todos os Olhos

1. Complexo de épico
2. A noite do meu bem
3. Cademar
4. Todos os olhos
5. Dodó e Zezé
6. Quando eu era sem ninguém
7. Brigitte Bardot
8. Augusta, Angélica e Consolação
9. Botaram tanta fumaça
10. O riso e a faca
11. Um oh e um ah
12. Complexo de épico (Reprise)

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1976 Estudando o Samba

1. Mã
2. A felicidade
3. Toc
4. Tô
5. Vai (Menina amanhã de manhã)
6. Ui! (Você inventa)
7. Doi
8. Mãe (Mãe solteira)
9. Hein?
10. Só (Solidão)
11. Se
12. Índice

‘Estudando o Samba’, é o disco que David Byrne encontrou numa prateleira de samba, devido à falta de conhecimento de um funcionário de uma loja de discos.

David Byrne ficou tão impressionado com a inventividade de Tom Zé, que procurou por esse artista com uma dúvida na cabeça: “Como um país que tem um artista como Tom Zé, mas ninguém conhece esse artista?”.

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1978 Correio da estação do Brás

1. Menina Jesus
2. Morena
3. Correio da estação do Brás
4. Carta
5. Pecado original
6. Lavagem da igreja de Irará
7. Pecado, rifa e revista
8. A volta da xanduzina
9. Amor de estrada
10. Lá vem cuíca
11. Na parada de sucesso

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Tom Zé estava relegado ao circuito universitário, onde fazia apresentações esporádicas sozinho ao violão. Pois é dessa época, de ostracismo, que é o disco ‘No Jardim da Política’. Assim como o álbum ‘Nave Maria’.

1984 Nave Maria

1. Nave Maria
2. Moamar no mundo
3. Su su menino Mandú
4. Cilindrada
5. Identificação
6. Neném gravidez
7. Acalanto nuclear
8. Conto de fraldas
9. Mestre sala
10. Teu olhar

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1985 No Jardim da Política

1. No jardim da política (Introdução)
2. Democracia
3. Sobre a liberdade
4. No jardim da política
5. Classe operária
6. Desafio do bóia-fria (Folclore)
7. Marcha partido
8. Figura nacional
9. Dólar
10. Vá tomar
11. Minha carta

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Os álbuns 'Hips of Traditions" e 'Com Defeito de Fabricação', foram os dois discos que marcaram o retorno de Tom Zé aos palcos e sua volta por cima.

1992 Hips of Traditions

1. Ogodô, ano 2000
2. Sem a letra A
3. Feira de Santana
4. Sofro de juventude
5. Cortina 1
6. Ta-hí
7. Iracema
8. Fliperama
9. O amor é velho-menina
10. Cortina 2
11. Tatuarambá
12. Jingle do disco
13. Lua-gira-sol
14. Cortina 3
15. Multiplicar-se única
16. Cortina 4
17. O pão nosso de cada mês
18. Amar

O disco produzido por David Byrne

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Tom Zé gravou duas trilhas para espetáculos do Grupo Corpo. Esta é a 1ª: 'Parabelo', com José Miguel Wisnik.


1997 Parabelo (& Zé Miguel Wisnik)


1. Emerê
2. Emoremê
3. Assum branco
4. Baião velho
5. Uauá
6. Canudos
7. Bendegó
8. Cego com cego
9. Xique-xique

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1998 Com Defeito de Fabricação

1. Defeito 1 - O gene
2. Defeito 2 - Curiosidade
3. Defeito 3 - Politicar
4. Defeito 4 - Emerê
5. Defeito 5 - O olho do lago
6. Defeito 6 - Esteticar
7. Defeito 7 - Dançar
8. Defeito 8 – ONU: Vendem-se armas
9. Defeito 9 - Juventude javali
10. Defeito 10 - Cedotardar
11. Defeito 11 - Tangolomango
12. Defeito 12 - Valsar
13. Defeito 13 - Burrice
14. Defeito 14 – Xique-xique

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No disco ‘Postmodern Platos’, Tom Zé é remixado por diversos músicos renomados como Amon Tobin e Sean Ono Lennon. Todas as músicas são oriundas do disco ‘Com Defeito de Fabricação’ e do ‘Parabelo’.

1999 Postmodern Platos

1. Curiosidade (High Llamas remix)
2. Curiosidade (John McEntire remix)
3. O olho do lago (Sean Lennon remix)
4. Curiosidade (Amon Tobin remix)
5. O gene (Gene to Gene remix)
6. Canudos


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Em ‘Jogos de Armar’ Tom Zé lançou um álbum com um disco auxiliar, que serviria para qualquer um que estivesse a fim de tocar junto com a banda do Tom Zé. Era só ouvir o disco e pegar seus instrumentos para tocar no silêncio deixado no meio das faixas, que eram as mesmas do disco.

2000 Jogos de Armar

1. Passagem de som
2. Peixe viva (Iê-quitinguelê)
3. Jimi renda-se/ Moeda falsa
4. Chamegá
5. Desafio
6. Pisa na fulo
7. Asa branca
8. Conto de fraldas
9. Medo de mulher
10. O pib da pib (Prostiuir)
11. Cafuas, guetos e santuários
12. A chegada de Raul Seixas e Lampião no FMI
13. Perisséia
14. Sonhar

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Jukebox (Disco Auxiliar)

'Santagustin', gravado em parceria com Gilberto Assis, é a 2ª das trilhas para espetáculos do Grupo Corpo'.

2002 Santagustin (& Gilberto Assis)

1. Marco da era
2. Ayres da Mantiqueira
3. Nogueira do monte
4. Moura-Sion
5. Pixinguim-rasqueira e outras
6. Ciro-gberto
7. Bate-boca

Jukebox (pt.1)
Jukebox (pt.2)

Produzido por Jair Oliveira, o disco ‘Imprensa Cantada’ traz um Tom Zé preocupado com as questões sobre a paz.

2003 Imprensa Cantada

1. Dona Divergência
2. Companheiro Bush
3. Requerimento à censura
4. Desenrock-se
5. Interlagos F1
6. 1, 2, identificação
7. Urgente, pela paz
8. Sem saia, sem cera, censura
9. Vaia de bêbado
10. Língua brasileira
11. Vaia de bêbado (Instrumental)
12. São São Paulo
13. Você é o mel
14. Bate boca

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Tom Zé se reinventou mais uma vez com esse disco e mostrou um lado sensível ao compor uma obra em homenagem à mulher. Ele buscou mais uma vez a produção de Jair Oliveira para realizar essa opereta sobre a segregação da mulher.

Nesse disco há participações de Zélia Duncan, Edson Cordeiro, Luciana Melo e Patrícia Marx. Com esse disco, Tom Zé propôs uma continuação de sua obra mais famosa, o ‘Estudando o Samba’, que foi o disco que David Byrne, dos ‘Talking Heads’, descobriu o som de Tom Zé e reapresentou-o ao mundo.

2005 Estudando o Pagode (Na Opereta Segregamulher e Amor)

1. Ave dor Maria
2. Estúpido rapaz
3. Proposta de amor
4. Quero pensar (A mulher de Bath)
5. Mulher navio negreiro
6. Pagode-enredo dos tempos do medo
7. Canção da nora (Casa de bonecas)
8. O Amor é um rock
9. Duas opiniões
10. Elaeu
11. Vibração da carne
12. Para pá do Pará
13. Prazer carnal
14. Teatro (Dom Quixote)
15. A volta do trem das onze
16. Beatles a granel

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2006 Danç-Êh-Sá (Dança dos Herdeiros do Sacrifício)

1. Uai uai (Revolta Queto-Xambá 1832)
2. Atchim (Revolta Paiaiá 1673)
3. Triu-trii (Revolta Malê 1835)
4. Cara-cuá (Revolta Nagô-Oió 1830)
5. Acum-mahá (Revolta Jege-Mina-Fon 1834)
6. Taka-tá (Revolta Banta 1910)
7. Abrindo as urnas (Encourados De Pedrão 1823)

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O disco novo, gravado ao vivo em cima do material do ‘Danç-Êh-Sá (Dança dos Herdeiros do Sacrifício)’.

Esse disco foi mal compreendido pela maioria da audiência, que complexidade das harmonias e da simplicidade das letras. Não existem letras com significados, mas onomatopéias que servem para fazer contraponto às melodias criadas pelo Tom Zé.

É exatamente isso que torna o disco tão genial. A complexidade das harmonias do Tom Zé com as letras em onomatopéias tornam o disco internacional. Fazem com que qualquer pessoa do planeta possa apreciar o Tom Zé com toda sua complexidade.

E o disco novo do Tom Zé ainda nem chegou nas lojas especializadas, mas já foi lançado virtualmente pela Trama, gravadora do artista.

Nesse disco, Tom Zé brinda o ouvinte com as músicas do disco ‘Danç-Êh-Sá’ e mais um versão onomatopéica para ‘Xique-xique’, música que compôs em parceria de José Miguel Wisnik para a trilha do espetáculo ‘Parabelo’ do Grupo Corpo. Essa mesma música saiu em versão editada no disco ‘Com Defeito de Fabricação’ de Tom Zé.

As músicas são versões com o peso de um espetáculo ao vivo, muito bem gravado. No princípio pode causar estranheza, mas no decorrer da audição percebe-se a genialidade de Tom Zé. Que privilégio dever ser para esses músicos tocar com Tom Zé. Os privilegiados são Jarbas Mariz no vocal, viola de 12 cordas, cavaquinho e percussão; Cristina Carneiro no vocal e teclado; Daniel Maia no vocal e baixo; Sérgio Caetano na guitarra; Lauro Léllis na bateria e Luanda nos vocais.

Tom Zé é um artista sem igual. É o único que mantém ligação forte com os princípios do Tropicalismo, movimento que fez parte junto com Caetano e Gil. Enquanto os outros baianos ilustres dedicam-se à música popular, Tom Zé continua inventando e inovando, que era o fundamento básico do movimento dos anos 60.

Tom Zé sempre esteve muito próximo da cultura popular e suas manifestações, apesar das músicas cheias de contrapontos e melodias difíceis de assimilação. A prova disso são as respostas de Tom Zé quando perguntado sobre as ditas manifestações populares, como o funk carioca, que ele chamou de ‘micro-tonal, pluri-semiótico e meta-refrão’, e que segundo ele foi uma grande influência para fazer esse disco ‘Danç-Êh-Sá’.


2008 Danç-Êh-Sá (Dança dos Herdeiros do Sacrifício - O Fim da Canção) Ao Vivo

1. Acum-mahá
2. Atchim
3. Uai uai
4. Triu-trii
5. Taka-tá
6. Cara-cuá
7. Abrindo as urnas
8. Xique-xique

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2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom.
Valeu pelo post.

Abraço.

Vilson C Alves Sá disse...

Obrigado Valdinei. Abraço.